Um dos efeitos colaterais da computação em nuvem mais comentados ao longo de 2011 foi a mudança no papel que os executivos de TI terão em suas organizações daqui para frente. Não se trata apenas de cloud computing, mas também do processo de consumerização da tecnologia, que vem tornando os usuários cada vez mais íntimos de softwares e hardwares.

O resultado dessa combinação foi apontado por Peter Sondergaard, vice-presidente sênior de pesquisas do Gartner, como um processo de mutação irreversível da TI, que estará cada vez mais onipresente nas vidas de todos nós. Resumindo, o executivo disse a tecnologia vem deixando de ser objeto de uma área específica – a de TI – para se tornar um setor de grande impacto nos negócios. Na prática, executivos de todas as áreas e níveis estão mudando sua percepção e passando a ver a tecnologia como um instrumento de grande contribuição para os negócios.

Essa mudança será alavancada por quatro fatores: cloud computing, computação social, informação e mobilidade. “É a combinação destes quatro fatores que vai mudar a tecnologia como a conhecemos”, afirmou. E muda não apenas a tecnologia, mas o modo como as empresas se relacionam com ela. Em geral, os CIOs já perceberam os ventos da mudança, e isso se reflete nas prioridades que apontam para 2012.

Um levantamento da Frost & Sullivan aponta cloud computing, seguida por segurança da informação, mobilidade, business intelligence e comunicações unificadas como as prioridades dos CIOs. Realizado em setembro, o estudo revelou que mais da metade (54%) das empresas de grande porte do Brasil já contam com soluções na nuvem. Entre as que adotam, no entanto, 70,4% usam nuvem privada, 18,5% utilizam nuvem pública e 11,1% optam por cloud híbrida. “As nuvens privadas são maioria, impulsionadas especialmente por questões de segurança”, avalia Fernando Belfort, analista de mercado sênior da Frost & Sullivan.

“Agora os CIOs que já testaram os ambientes de nuvens privadas e entenderam seus benefícios começam a migrar para ambientes híbridos”, diz o analista. De acordo com o levantamento da Frost & Sullivan, 66% das empresas de grande porte do país pretendem investir em soluções de cloud no curto prazo. “Esperamos um forte aumento no uso de nuvens híbridas, que devem atingir mais de 18% de penetração no final de 2012”, prevê Belfort.

Mas a relação dos executivos brasileiros com o cloud computing ainda não é a esperada pelo mercado. O estudo “A essência do CIO”, realizado pela IBM com mais de 3 mil líderes de TI de 72 países, sendo 190 do Brasil, de cinco setores de mercado (público, comunicações, industrial, finanças e distribuição), apontou uma diferença entre os executivos brasileiros e seus pares globais. Ao contrário da média mundial, os CIOs brasileiros demonstram menor senso de urgência em relação a adoção do cloud computing.

A amostra global do estudo apontou que Cloud Computing é uma prioridade para a maioria dos CIOs mundiais: 60% deles pretendem adotar a nuvem nos próximos cinco anos como infraestrutura de suporte ao crescimento de seus negócios e ganho de vantagem competitiva – no estudo de 2009, apenas um terço dos líderes de TI pensava em utilizar a tecnologia.

Porém, esta tendência ainda não é seguida pelos CIOs brasileiros, que apontaram computação em nuvem como quarta prioridade – o que demonstra um menor sentido de urgência por parte dos líderes locais e um grande espaço para amadurecimento da tecnologia no País. Com a proliferação de dispositivos móveis com funcionalidades avançadas e aplicações que oferecem suporte à produtividade dos negócios, a computação móvel e soluções de mobilidade também passaram a ser vistas como diferencial de negócios por 74% dos CIOs entrevistados – em 2009 este número ficou em 68%.

A questão aqui é clara, e foi reforçada por diversos analistas ao longo do ano: os CIOs precisam se reinventar, e devem começar logo.

Fonte: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=28796&sid=97